Plantas Que Curam

Picão-da-Praia (Wedelia minor): Benefícios e Usos Medicinais

O picão-da-praia é uma planta herbácea rasteira, de crescimento espontâneo, comum em regiões tropicais e subtropicais. Seu caule é prostrado, recoberto por pelos finos e cresce em solo arenoso, sendo encontrado frequentemente ao longo da faixa litorânea. As folhas são ovaladas, de margens levemente dentadas, e possuem um aroma característico, além de um sabor amargo. As flores, por sua vez, são amarelas e pequenas, organizadas em capítulos florais típicos da família Asteraceae, que inclui também plantas como girassóis e margaridas. O fruto, de forma oval e ligeiramente curva, contém as sementes responsáveis pela dispersão e perpetuação da espécie.

A disseminação da planta ocorre tanto por meio de sementes quanto por propagação vegetativa, já que seus caules rasteiros podem gerar novos brotos ao entrarem em contato com o solo. Esse mecanismo contribui para seu crescimento vigoroso em terrenos arenosos e pobres em nutrientes.

Propriedades Medicinais e Benefícios

O uso do picão-da-praia na medicina popular remonta a séculos e suas propriedades vêm sendo estudadas para validar suas aplicações terapêuticas. Entre as principais ações farmacológicas da planta, destacam-se suas propriedades:

Tônica – Fortalece o organismo e estimula o metabolismo.

Diaforética – Favorece a transpiração, auxiliando na eliminação de toxinas e no controle da febre.

Diurética – Estimula a eliminação de líquidos, sendo útil para o tratamento de retenção hídrica e problemas urinários.

Febrífuga – Reduz estados febris, auxiliando no alívio de infecções e viroses.

Antiblenorrágica – Possui ação contra inflamações e infecções do trato genital, especialmente gonorreia.

Antileucorréica – Atua no combate a secreções vaginais anormais, sendo empregada tradicionalmente no tratamento da leucorreia.

Estudos indicam que o efeito medicinal da Wedelia minor pode estar associado à presença de flavonoides, taninos e compostos fenólicos, conhecidos por suas ações antioxidantes e anti-inflamatórias (Silva et al., 2018).

Indicações Terapêuticas

As propriedades citadas tornam o picão-da-praia útil para diversas condições de saúde. Seu uso tradicional inclui o tratamento de:

Estados febris e gripes – Devido às suas propriedades febrífugas e sudoríferas, ajuda no alívio da febre e na recuperação de infecções virais leves.

Febres palustres (malária) – Seu efeito antitérmico foi utilizado popularmente como um coadjuvante no tratamento da malária, embora não substitua os medicamentos convencionais.

Cólicas estomacais e intestinais – A infusão da planta auxilia na redução de cólicas e desconfortos gastrointestinais causados por flatulências.

Gonorreia – Tradicionalmente, a planta tem sido utilizada para auxiliar no tratamento dessa infecção bacteriana.

Modo de Uso e Preparo

O consumo do picão-da-praia geralmente ocorre na forma de infusão, método que permite a extração dos compostos ativos da planta. A preparação é simples:

• Utilizar 4 gramas das folhas secas da planta para um copo de água fervente.

• Deixar em infusão por 10 minutos.

• Coar e consumir até duas vezes ao dia.

O uso prolongado da infusão deve ser feito com cautela, pois ainda são necessários estudos mais aprofundados sobre seus efeitos a longo prazo. Além disso, gestantes e lactantes devem evitar o consumo sem orientação profissional.

A riqueza da flora medicinal brasileira reforça a importância de estudos científicos que validem os usos tradicionais das plantas. O picão-da-praia (Wedelia minor) é um exemplo de espécie amplamente utilizada na fitoterapia popular, demonstrando potencial em diversas condições de saúde. No entanto, é essencial que seu uso seja feito de forma responsável, considerando-se as evidências científicas disponíveis.

Para aprofundamento, recomenda-se consultar obras especializadas em plantas medicinais, como Lorenzi & Matos (2002) e Almeida (2019), além de artigos científicos recentes sobre os compostos bioativos da família Asteraceae.