Myristica fragrans
Apesar de ser considerada abortiva e alucinógena a noz moscada é muito utilizada como condimento na culinária mundial, sendo o que se consome é a semente, o fruto da moscadeira.
Descrição
Da família das Myristicaceae, também conhecida como moscadeira.
Árvore de porte médio e crescimento lento, pode chegar a mais de 20m de altura. A árvore da noz-moscada é uma planta dioica, com plantas produzindo flores do sexo masculino ou feminino, com uma proporção de 50% de plantas de cada sexo.
A fruta é similar na aparência a um pêssego. Quando madura abre-se e expõe um endocarpo duro ou semente, cercado por uma arila laranja avermelhada, ligeiramente carnuda. A arila seca sozinha é chamada macis e a semente é removida e seca para produzir a noz-moscada.
São 2 especiarias com sabores ligeiramente diferentes, ambas que originarias da fruta da árvore da moscadeira. Myristica fragrans.
Parte utilizada:
Noz.
Origem:
É nativa das Ilhas Molucas, na Indonésia e foi introduzida na índia onde é comumente utilizada.
Habitat:
A noz-moscada é cultivada na índia. Ceilão, Malaysia, e Granada, e foi introduzida no ocidente pelos árabes, aonde logo se tornou uma especiaria procurada e cara.
História: A noz-moscada é uma especiaria amplamente utilizada como alimento que também recebe alguma atenção por suas características alucinógenas; Durante o século 6 d.C. a noz-moscada e o macis eram importados por comerciantes árabes. Já no século 12 d.C., estas especiarias eram bem conhecidas na Europa. No começo do século 19, o interesse pela noz-moscada divergiu do uso como especiaria, para o uso medicinal como um agente abortivo e de um estimulante da menstruação.
Princípios Ativos:
Borneol, canfeno, elemicina, eugenol, cimeno, dipenteno, geraniol, linalol, miristicina, pineno, trimiristicina, safrol, terpineol, tujeno.
Propriedades medicinais:
Digestivo, aperiente, afrodisíaca, anti-inflamatória, carminativa, diurética, emoliente, estomáquica, sedativa, tônica.
Indicações:
Abscessos, aftas, anemia, antrazes, arrotos, asma, atonia e cólica intestinal, cólicas do estômago, debilidade, diarreia crônica, dispepsia, doenças do estômago, dores do estômago, dor lombar, dores reumáticas, estimulante cerebral, expulsão de pus, flatulência, fortificante, fraqueza do estomago, hemorragias, hemoptises, hemorróidas, leucorreia, mau hálito, náuseas cautilizadas por outras drogas, otites supuradas, perda de memória, reumatismo gotoso, soluço, supurações da pele, timpanismo, tônico, trato gastrointestinal.
Posologia:
Como condimento, geralmente a noz é ralada sobre os alimentos e o chá é feito com partes de uma noz, o que daria uma dosagem abaixo do limite de intoxicação. É importante notar que o consumo de noz-moscada em doses de 1 a 2 mg/kg de peso corporal foi relatado capaz de induzir efeitos colaterais do SNC. A overdose tóxica ocorreu com o consumo de 5 gramas.
Interação medicamentosa: Devido à propriedade ansiogênica da noz-moscada, teoricamente, uma interação pode ocorrer com o uso concomitante da noz-moscada ou macis e drogas ansiolíticas. Interações da noz-moscada com diazepam, ondansetron, ou buspirona foram observadas em ratos. Uma morte foi associada com a ingestão simultânea de grandes quantidades de noz-moscada e de flunitrazepam. O composto miristicina apresentou uma fraca atividade de inibição das enzimas MÃO (monoamina oxidase).
Efeitos colaterais:
As reações adversas relatadas: alergia, dermatite de contato e asma. Os componentes químicos limoneno e eugenol também são alergênicos ao contato, e a reatividade de anticorpos IgE foi demonstrada para a noz-moscada e o macis. Foi observado também excitação do SNC, com a presença de ansiedade e/ou medo, diminuição da salivação, sintomas gastrointestinais, taquicardia e vermelhidão da pele (flushing cutâneo).
Superdosagem: É importante notar que o consumo de noz-moscada em doses de 1 a 2 mg/kg de peso corporal foi relatado capaz de induzir efeitos colaterais do SNC. A overdose tóxica ocorreu com o consumo de 5 gramas.
Toxicologia: Intoxicação por noz-moscada produz psicose aguda e episódios similares ao estado anticolinérgico, com uma grande variedade de sintomas. Os efeitos ocorreram dentro de 0,5 a 8 horas após a ingestão. Os episódios são caracterizados por vermelhidão da pele (flushing cutâneo), pela taquicardia, diminuição da salivação, sintomas gastrointestinais (dor abdominal, náusea, vômito), febre e excitação do SNC com ansiedade e/ ou medo. Miose (contração da pupila) ou midríase (dilatação da pupila) não é considerado sinais seguros de intoxicação, pois qualquer um dos dois pode ocorrer. Foi também relatada a ocorrência – do choque, do coma e até a morte. O tratamento disponível é de suporte, com o uso da terapia antipsicótica quando necessário; Os efeitos citotóxicos e apoptóticos da miristicina foram explorados. A viabilidade celular foi reduzida pela exposição a miristicina de uma maneira dependente da dose e do período da administração. O safrol, um componente menor do óleo, também foi mostrado capaz de promover hepatocarcinomas em ratos.
Farmacologia:
O óleo essencial da noz-moscada e do macis é bastante similar em sua composição química e no aroma, diferindo apenas na cor (laranja brilhante até amarelo claro). O óleo do macis possui uma quantidade mais elevada de miristicina do que o óleo da noz-moscada.
Os componentes químicos responsáveis pelos efeitos no SNC parecem ser a miristicina, que é um agente alucinógeno e um fraco IMAO (inibidor da monoamina oxidase), a elemicina, safrol, e a trimiristina (produzem efeitos ansiogênicos), sendo alguns componentes tendo estruturas similares aos agonistas da serotonina; O eugenol foi identificado como o componente da noz-moscada com atividade antioxidante, com inibição da produção do óxido nítrico (NO) e sequestramento do NO foi demonstrado em experiencias usando o extrato de metanol da noz-moscada; O eugenol também foi apontado responsável por parte do efeito afrodisíaco devido a suas características vasodilatadoras e de relaxamento de músculo liso; O instituto nacional do câncer americano investigou a família botânica Myristicaceae para uma possível atividade contra algumas linhagens de leucemia.
De todos os extratos testados, 18,8% exibiu uma atividade antileucêmica: O macis porém foi capaz de modular a atividade das enzimas envolvidas na ativação e na desintoxicação de carcinogênicos.
Esta propriedade pode ser transmitida a prole em amamentação, através do leite materno dos ratos; Os efeitos citotóxicos e apoptóticos da miristicina também foram estudados.
A viabilidade celular foi reduzida peta exposição a miristicina de uma maneira dependente da dose e da época de administração. O safrol, um componente menor do óleo, foi mostrado capaz de promover o surgimento de hepatocarcinomas em ratos; A noz-moscada é conhecida há muito tempo por suas características psicoativas (que produzem a ansiedade e/ou medo, e alucinações), sendo mencionada em textos do século XVI a até fontes modernas encontradas em páginas da Internet.
Doses de 5 a 15 gramas, (equivalente a 1 – 3 sementes inteiras) são necessárias para produzir este efeito, mas a overdose tóxica ocorre em doses de 5 gramas. O abuso crônico da noz-moscada também já foi relatado. Os efeitos da intoxicação pela noz-moscada são variáveis e refletem efeitos aníicolonérgicos e excitatórios do SNC.
Experiências conduzidas em camundongos encontraram uma atividade anticonvulsiva, além de outros efeitos comportamentais; Os óleos do macis e da noz-moscada, e também seus componentes individuais foram avaliados por sua atividade antimicrobiais in vitro.
Um estudo observou um efeito modulatório nas proteínas e/ou toxinas produzidas por algumas bactérias (Listeria, Staphylococcus aureus, Strepto-coccus mutans), porém nenhum efeito foi observado em outros microrganismos; Uma atividade antimicrobiais foi mostrada contra alguns microrganismos orais, including a S. Mutans e Porphyromonas gingivalis, entre outros. A atividade contra outras bactérias inclui algumas linhagens de Escherichia COM, o rotavírus humano, algumas linhagens de Salmonella typhi, Bacillus subtilis, S.aureus e Listeria; Relatos sobre uma atividade semelhante contra fungos são conflitantes, em que nenhuma atividade contra o aspergilo ou outros fungos botânicos foi encontrada, mas atividade contra alguns dermatófitos foi observada; Experimentos foram conduzidos para avaliar o potencial antioxidante dos óleos da noz-moscada e do macis, e seus componentes químicos, porém, algumas destas avaliações foram consideradas fracas.
O aumento da atividade sexual (libido e potência) foi demonstrado em ratos masculinos que foram administrados extratos etanólicos de noz-moscada. Este estudo oferece alguma sustentação para o uso da noz-moscada como um afrodisíaco; Os extratos da noz-moscada mostraram-se bacteriostáticos contra o Heliobacter pylore in vitro.
Reduções da acidez gástrica e do volume de secreções gástricas foram demonstradas em coelhos administrados um extrato de noz-moscada; Coelhos que receberam um extrato etanólico de noz-moscada, mostraram uma redução nos níveis de colesterol LDL e triglicerídios, enquanto os níveis do colesterol HDL permaceu inalterado.
Em um outro estudo, a noz-moscada também demonstrou possuir características hepatoprotetoras; Atividades anti-inflamatórias e analgésicas da noz-moscada foram relatadas em ratos. Uma atividade antítrornbótica também foi relatada. A noz-moscada também mostrou possuir uma atividade simi-lar à insulina in vitro.