Coronopus didymus
O mastruço, também conhecido como Coronopus didymus, é uma planta anual pertencente à família das Brassicaceae, que abriga uma vasta gama de plantas medicinais e alimentícias. Conhecido por uma multiplicidade de nomes populares, como erva-de-santa-maria, erva-vomiqueira, e mentruz-rasteiro, essa planta de fácil cultivo possui uma longa história de uso na medicina tradicional, com propriedades terapêuticas que despertam o interesse tanto de fitoterapeutas quanto de estudiosos botânicos.
Crescendo espontaneamente em terrenos cultivados e áreas próximas a habitações, o mastruço se destaca por seu aroma forte e característico, semelhante ao agrião. Sua composição química rica, contendo substâncias sulfuradas e um óleo essencial de ação antibacteriana, antifúngica e antiviral, torna essa planta uma poderosa aliada para diversas condições de saúde.
Características botânicas
O mastruço é uma erva de porte baixo, atingindo até 70 cm de comprimento. Seu caule ramificado e prostrado facilita sua propagação em ambientes naturais. As folhas são profundamente divididas em segmentos e, embora pequenas, exalam um aroma marcante quando esmagadas. As flores esbranquiçadas são discretas, mas essenciais para sua reprodução, culminando na formação de frutos pequenos que contém duas sementes. Sua capacidade de florescer e frutificar durante as estações frias permite que ela se adapte a diversas condições climáticas, fazendo dela uma planta resiliente e de fácil cultivo.
Origem e dispersão
Nativa da América, o mastruço foi introduzido na Europa pelos colonizadores e, desde então, se espalhou por todo o mundo, crescendo espontaneamente em regiões temperadas e tropicais, incluindo o Brasil, onde é encontrada com facilidade. Sua adaptabilidade e capacidade de reprodução por sementes garantem que ela prospere em diferentes tipos de solo, desde os mais férteis até os mais pobres. Em áreas urbanas, é comum vê-la em terrenos baldios e margens de estradas, onde se desenvolve vigorosamente.
Na medicina tradicional, o mastruço é amplamente utilizado por suas propriedades antibióticas, digestivas, expectorantes e coléricas. Sua ação antibacteriana e antiviral faz dele um recurso valioso no combate a infecções respiratórias, bronquites e até como coadjuvante no tratamento de vermes, como a tênia. Além disso, suas propriedades tônicas o tornam um excelente remédio para o fortalecimento do sistema pulmonar e na promoção da digestão saudável.
O óleo essencial extraído do mastruço, com seu alto teor de compostos sulfurados, é um dos principais responsáveis por seus benefícios medicinais. Estes compostos conferem à planta uma ação antimicrobiana eficaz contra diversas cepas de bactérias e fungos, e sua utilização em casos de escorbuto e gota reflete seu papel no tratamento de desordens metabólicas. A planta ainda possui efeitos anti-inflamatórios, sendo recomendada para dores musculares, reumatismo e traumatismos.
Uso terapêutico e formas de aplicação
As folhas, flores e sementes do mastruço são as partes mais utilizadas na medicina popular, sendo preparadas de diversas formas para tratar uma variedade de condições. Aqui estão algumas das principais formas de utilização:
- Cataplasma para dores musculares e reumatismo:
Um dos usos mais comuns do mastruço é na forma de cataplasmas. Para isso, as folhas, flores e sementes frescas são trituradas até formarem uma pasta que é aplicada diretamente sobre áreas dolorosas, inflamações e contusões. Essa aplicação local é altamente eficaz para aliviar reumatismo, traumas e úlceras externas.
- Infusões e chás digestivos:
Em casos de problemas digestivos, anemia e afecções hepáticas, o mastruço pode ser consumido na forma de chá. A infusão das partes aéreas da planta estimula o fígado e promove uma digestão mais eficiente, além de atuar como tônico para o sistema respiratório. Para preparar, basta utilizar uma colher de sopa de folhas, flores e sementes picadas, adicionar água fervente e abafar por cerca de 10 minutos. O consumo diário dessa infusão, antes das refeições principais, ajuda na prevenção de problemas digestivos e no fortalecimento geral do organismo.
- Xarope para expectoração e bronquite:
Outra aplicação comum do mastruço é no tratamento de bronquites e catarros. O preparo de um xarope com as folhas e sementes picadas, cozidas com açúcar, resulta em um remédio expectorante natural, eficiente na fluidificação do muco e no alívio da tosse. O xarope é indicado para adultos e crianças, sendo importante ajustar as dosagens de acordo com a idade.
- Tintura para uso interno e externo:
A tintura de mastruço é um extrato concentrado obtido da maceração das partes frescas da planta em álcool de cereais. Utilizada tanto internamente, como digestivo e para dores reumáticas, quanto externamente, aplicada sobre áreas doloridas, a tintura é uma opção versátil para aproveitar ao máximo os benefícios dessa planta. A dosagem recomendada para adultos varia entre 10 a 15 gotas diluídas em água antes das refeições.
Contribuições para a saúde pública
A inclusão do mastruço em práticas de medicina alternativa destaca sua relevância não apenas como um remédio caseiro, mas também como uma planta com potencial para aliviar sintomas de diversas doenças. Com o crescimento do interesse por tratamentos naturais e sustentáveis, o mastruço tem encontrado seu espaço em estudos mais aprofundados, visando comprovar cientificamente suas propriedades terapêuticas. Seu uso tradicional já é respaldado por séculos de observação empírica, mas a ciência moderna está começando a investigar seus compostos ativos com mais atenção.
O mastruço, com seu perfil multifuncional, é uma planta de valor inestimável na medicina tradicional e no contexto fitoterápico. Desde suas propriedades antimicrobianas até sua eficácia no tratamento de condições respiratórias e digestivas, essa erva milenar continua a surpreender com seu potencial medicinal. Seu cultivo e manejo simples, associado a sua vasta distribuição, fazem dela uma planta acessível, útil e relevante para a saúde humana em diversas partes do mundo. O crescente interesse pela fitoterapia e pelo uso de plantas medicinais só reforça a importância do mastruço como um recurso natural indispensável para o cuidado integral da saúde.