Plantas Que Curam

Mangaba: Propriedades, Benefícios e Usos Tradicionais

Conheça a mangaba, fruto típico do Brasil, e descubra seus benefícios nutricionais, propriedades medicinais e usos tradicionais.

Uma Fruta Rica em História e Nutrição

A mangaba (Hancornia speciosa), fruto típico da flora brasileira, destaca-se não apenas por sua popularidade no nordeste do Brasil, mas também por sua riqueza nutricional e propriedades medicinais. Pertencente à família das Apocynaceae, a mangabeira é uma árvore robusta de caule rugoso e folhas lanceoladas, que produz frutos piriformes, de coloração amarela com nuances avermelhadas. Essa fruta de sabor levemente ácido é amplamente utilizada na culinária regional e na fabricação de sucos, doces, sorvetes e até bebidas vinhosas.

Composição e Princípios Ativos

A mangaba é uma fonte rica em nutrientes essenciais, contendo proteínas, cálcio, fósforo, ferro e vitaminas A, B1 e C. Sua composição nutricional a torna um alimento funcional, contribuindo para a saúde óssea, imunidade e funções metabólicas. Além disso, é conhecida por seu potencial antioxidante, ajudando a combater os radicais livres e prevenir o envelhecimento precoce.

Propriedades Medicinais e Usos Terapêuticos

A mangaba tem sido amplamente utilizada na medicina popular devido às suas propriedades anti catarral, antiulcerogênica, digestiva e hepática. Cada parte da planta possui aplicações específicas:

  • Folhas e frutos: indicados para tuberculose e úlceras, sendo o suco leitoso extraído da polpa utilizado como remédio natural.
  • Sementes: têm efeito purgante, auxiliando no funcionamento do trato gastrointestinal.
  • Cascas: utilizadas no tratamento de doenças do fígado, baço, icterícia e moléstias cutâneas crônicas.
  • Extrato da casca: empregado como coadjuvante em tratamentos para afecções hepáticas.

A planta é especialmente valorizada no manejo de úlceras e no alívio de cólicas menstruais, além de contribuir para a saúde pulmonar e digestiva.

Cuidados e Contraindicações

Embora a mangaba apresente inúmeros benefícios, seu consumo exige cautela. Quando ingerida verde, a fruta contém um suco leitoso conhecido como manguaicy, que é tóxico e pode causar sintomas graves, como intoxicação e até morte. Portanto, é crucial consumir a fruta somente quando madura.

Uso Tradicional e Preparações

O uso da mangaba em preparações caseiras é vasto. A seguir, algumas formas de utilizá-la:

  • Infusão da casca: eficaz no tratamento de úlceras, problemas renais e alívio durante a dentição.
  • Infusão das folhas: usada internamente em casos de gripe e em banhos para tratar doenças de pele.
  • Decocção da casca: indicada para doenças internas, câimbras, cólicas menstruais e desordens hepáticas.

Essas preparações tradicionais refletem o vasto conhecimento popular sobre as propriedades terapêuticas dessa planta.

Importância Econômica e Sustentabilidade

Além de seus benefícios medicinais e culinários, a mangaba possui relevância econômica, especialmente para comunidades rurais no nordeste brasileiro. A colheita e comercialização da fruta contribuem para a subsistência de agricultores e extrativistas, promovendo a valorização dos recursos naturais locais.

No entanto, a exploração desordenada da mangabeira pode levar à degradação ambiental e à diminuição de sua disponibilidade. Dessa forma, é fundamental que sejam implementadas práticas de manejo sustentável para preservar essa espécie e garantir seu uso pelas futuras gerações.

Conclusão

A mangaba é um tesouro da biodiversidade brasileira, combinando sabor, valor nutricional e propriedades medicinais. Seu uso, porém, requer consciência e cuidado, tanto para evitar efeitos adversos quanto para assegurar sua sustentabilidade. Ao valorizar a mangaba, promovemos não apenas a saúde, mas também a preservação de uma herança cultural e ambiental.

Referências Bibliográficas

  • Lorenzi, H., Matos, F. J. A. (2002). Plantas Medicinais no Brasil: Nativas e Exóticas Cultivadas.
  • Silva, J. M., & Almeida, S. P. (1998). Frutas Nativas do Cerrado: Caracterização, Uso e Conservação.
  • Veiga Junior, V. F. (2008). Farmacognosia: da planta ao medicamento.