Plantas Que Curam

Acanthospermum: A Planta Medicinal com Múltiplos Usos e Propriedades Curativas

Acanthospermum hispidum

As plantas do gênero Acanthospermum são conhecidas por seu valor medicinal e grande resistência, encontrando-se amplamente distribuídas no Brasil e em outras regiões da América do Sul. Este gênero botânico pertence à família Asteraceae e inclui várias espécies que, apesar de pequenas e discretas, desempenham um papel importante na medicina tradicional. As duas principais espécies conhecidas, Acanthospermum brasilianum e Acanthospermum hispidum, são valorizadas por suas propriedades terapêuticas, especialmente no tratamento de diarreia, febres e problemas respiratórios. Além disso, essas plantas têm características notáveis em sua morfologia, que merecem destaque.

Características Botânicas do Gênero Acanthospermum

Acanthospermum brasilianum

O Acanthospermum brasilianum, anteriormente conhecido por uma série de sinonímias botânicas, como A. hirsutum e Centrospermae xanthioides, é uma erva anual, rasteira, que pode alcançar até 1 metro de comprimento. Seus caules são pilosos e suas folhas opostas, ovaladas e com bordas denteadas, apresentam uma textura membranosa e podem atingir até 3 cm de comprimento. Essas folhas, além de serem amargas e mucilaginosas, são aromáticas, o que sugere seu potencial medicinal.

As flores dessa planta são pequenas, radiadas e de cor amarela, embora alguns botânicos, como Glaziou, tenham descrito variações de tonalidades mais claras. O fruto é composto de 5 aquênios, com cerca de 6 mm de comprimento, possuindo cerdas que se prendem facilmente à roupa ou ao pelo dos animais, favorecendo sua dispersão. Em termos ecológicos, o Acanthospermum brasilianum está bem adaptado aos solos arenosos do litoral brasileiro, sendo uma planta comum em áreas urbanas e rurais. Recebe diferentes nomes conforme a região: fel-da-terra, espinho-de-carneiro, mata-pasto, entre outros.

Acanthospermum hispidum

Já o Acanthospermum hispidum é uma erva de porte ereto, com caule ramoso e híspido, alcançando pouco mais de 1 metro de altura. Suas folhas são oblongas, com base cuneiforme e bordas crenadas, chegando a medir até 12 cm de comprimento. As flores, também amarelas, aparecem em capítulos axilares, com invólucros revestidos de espinhos que se prendem facilmente ao contato com humanos e animais. Essa característica ajuda na dispersão da planta, garantindo sua sobrevivência em diferentes ambientes.

Assim como seu parente A. brasilianum, o A. hispidum é uma planta amarga e mucilaginosa, com propriedades peitorais, tônicas e diaforéticas. Suas raízes são tradicionalmente utilizadas contra a bronquite e a tosse, sendo especialmente eficazes em infusões para combater diarreias e problemas hepáticos.

Propriedades Medicinais e Compostos Ativos

As espécies de Acanthospermum possuem uma rica composição de princípios ativos que justificam seu uso na medicina popular. Entre os compostos mais estudados, destacam-se as lactonas sesquiterpênicas, como o acanthospermum B, e guaianolides, que estão associados às propriedades anti-inflamatórias, antissépticas e antivirais dessas plantas.

Propriedades medicinais: Abortiva, antisséptica, antidiarreica, antigripal, antiviral, cicatrizante, descongestionante, diurética, febrífuga, tônica, vermífuga e vulnerária.

Essas propriedades fazem do Acanthospermum uma planta versátil no combate a uma ampla gama de doenças. Popularmente, ela é utilizada no tratamento de gripes, resfriados, infecções virais e problemas digestivos, como diarreias e má digestão. Há também registros de seu uso para aliviar dores renais, problemas de vesícula e até mesmo em compressas para feridas e eczemas na pele. Além disso, estudos recentes indicam que a planta pode possuir ação imunomoduladora, o que a torna uma aliada no combate a infecções virais.

Formas de Uso na Medicina Popular

O Acanthospermum pode ser utilizado de diferentes formas, dependendo da doença a ser tratada e da parte da planta utilizada. As folhas e raízes são comumente usadas em infusões e decocções, e a tintura é uma forma popular de extrair seus princípios ativos.

Infusos e decoctos:

  • Para o tratamento de diarreia, febres e problemas respiratórios, recomenda-se o uso de 2 g de erva seca ou 4 g de planta fresca (aproximadamente uma colher de sopa) para cada xícara de água. O preparo pode ser tomado até três vezes ao dia, com intervalos não menores que 12 horas.
  • Para compressas sobre a pele, usa-se a infusão da planta em afecções cutâneas, ou em banhos para aliviar dores musculares e articulares.

Tintura:

  • A tintura pode ser usada em doses de 10 a 20 ml diárias, diluídas em água, para o tratamento de gripes, resfriados e febres.

Extrato fluido:

  • O extrato fluido de Acanthospermum pode ser consumido em doses de até 15 ml diárias, dependendo da gravidade dos sintomas.

Cuidados e Contraindicações

Apesar dos benefícios medicinais, o uso do Acanthospermum deve ser feito com cautela, especialmente por gestantes, nutrizes e crianças. As propriedades abortivas da planta são conhecidas, e o consumo excessivo pode causar abortos e má formação congênita. Outro cuidado importante refere-se aos espinhos presentes nos frutos, que podem perfurar a pele e causar feridas de difícil cicatrização.

A Versatilidade do Acanthospermum na Etnobotânica

O Acanthospermum é um excelente exemplo de como uma planta pode se tornar parte da cultura popular e ser valorizada por suas propriedades medicinais. Suas várias espécies e usos refletem a diversidade biológica e a importância da flora nativa da América do Sul. Tanto em áreas urbanas quanto rurais, essas plantas continuam a ser colhidas e empregadas para diversos fins curativos, preservando uma tradição que remonta a tempos antigos.