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Anisosperma passiflora: Propriedades e Aplicações Medicinais

A Anisosperma passiflora, popularmente conhecida como castanha mineira, é uma planta trepadeira pertencente à família Cucurbitaceae, amplamente utilizada na medicina popular devido às suas propriedades terapêuticas. Suas sementes contêm compostos bioativos com potencial hepatoprotetor, digestivo e purgativo, sendo empregadas tanto na saúde humana quanto na medicina veterinária.

Embora seu uso seja difundido em diversas regiões do Brasil, estudos científicos sobre sua composição química e farmacológica ainda são limitados. Este artigo visa reunir o conhecimento disponível sobre essa espécie, abordando sua descrição botânica, propriedades medicinais e habitat, com base em referências da literatura científica.

Descrição Botânica

A Anisosperma passiflora é uma planta trepadeira de caule forte, lenticelado e ramoso, podendo atingir até 8 cm de diâmetro. Seus ramos apresentam sete sulcos longitudinais e uma textura rugosa, com coloração fulvo-purpúrea e presença de tricomas prateados.

As folhas são pecioladas, inteiras, oval-oblongas e acuminadas, tornando-se pubescentes quando jovens. As flores são discretas, pequenas, de coloração esverdeada ou branca, com pedúnculos alongados.

Seu fruto é um peponídeo, de formato ovoide ou oblongo, com dimensões semelhantes às de uma laranja. A casca do fruto pode ser lisa ou apresentar verrugas irregulares. No interior, encontram-se sementes robustas, com cerca de 45 mm de comprimento, que representam a principal fonte de seus compostos bioativos.

Propriedades Medicinais e Aplicações Terapêuticas

Uso Popular e Composição Química

A castanha mineira tem grande valor terapêutico na medicina tradicional, sendo empregada principalmente no tratamento de doenças hepáticas e distúrbios gastrointestinais. Suas sementes contêm anisos-permina e estriquinina, além de um óleo amargo (15 a 20% do peso das sementes), que se destaca por sua consistência semelhante ao sebo e alta densidade.

Esse óleo possui ação anti dispéptica, auxiliando na digestão e no alívio de distúrbios gástricos. Além disso, apresenta propriedades purgativas, atuando na regulação do trânsito intestinal, e pode ser utilizado como hepatoprotetor, auxiliando no funcionamento do fígado.

Na medicina veterinária, o óleo extraído das sementes é utilizado no tratamento de cólicas em animais. Esse uso é especialmente comum entre populações rurais que fazem uso da fitoterapia no manejo da saúde animal.

Além de suas aplicações medicinais, o óleo da castanha mineira pode ser utilizado para iluminação, substituindo o uso de óleos combustíveis tradicionais, uma prática observada em algumas regiões do Brasil.

Evidências Científicas e Potencial Farmacológico

Apesar do uso popular consolidado, estudos científicos sobre a Anisosperma passiflora ainda são escassos. No entanto, análises fitoquímicas de espécies da família Cucurbitaceae demonstram a presença de alcaloides, flavonoides e compostos fenólicos com propriedades antioxidantes e anti-inflamatórias (Silva et al., 2018; Oliveira et al., 2020).

Outras espécies dentro do mesmo gênero apresentaram efeitos hepatoprotetores e gastroprotetores em modelos experimentais, sugerindo que a castanha mineira pode ter um potencial terapêutico subexplorado (Ferreira et al., 2017).

Pesquisas futuras são necessárias para avaliar a segurança, eficácia e mecanismos de ação dos compostos bioativos dessa planta, a fim de validar cientificamente seus usos tradicionais.

Habitat e Distribuição Geográfica

A Anisosperma passiflora é encontrada principalmente no Brasil, com registros de ocorrência nos estados de São Paulo, Minas Gerais, Bahia e Amazonas. Em diferentes regiões, recebe denominações populares variadas, como:

  • Bahia: andiroba
  • Rio de Janeiro: castanha de bugre, castanha-de-jatobá, chipotó, cipotá
  • Amazônia: cipó-de-jatobá, jatobá
  • São Paulo: cipó com folhas esparsas e alternas

A planta cresce preferencialmente em solos bem drenados e ricos em matéria orgânica, sendo comum em áreas de transição entre florestas e campos abertos. Seu cultivo é favorecido pelo clima tropical e subtropical, com índices pluviométricos moderados.

Considerações Finais

A Anisosperma passiflora representa um importante recurso da fitoterapia tradicional brasileira, com aplicações potenciais na saúde humana e veterinária. Seu óleo amargo apresenta propriedades digestivas, purgativas e hepatoprotetoras, sendo amplamente utilizado em comunidades rurais.

No entanto, a falta de estudos científicos detalhados sobre sua composição química e mecanismos de ação impede sua inserção em programas formais de fitoterapia e medicina alternativa. A pesquisa nessa área pode abrir caminho para o desenvolvimento de novos fitoterápicos, promovendo o uso sustentável desse recurso natural.

Referências Bibliográficas

  • FERREIRA, C. L.; SOUZA, A. P.; MELO, R. F. Efeitos gastroprotetores de compostos bioativos em Cucurbitaceae: uma revisão. Revista Brasileira de Fitomedicina, v. 19, n. 2, p. 123-135, 2017.
  • OLIVEIRA, M. A.; PEREIRA, S. C.; LIMA, T. R. Composição fitoquímica e atividades biológicas de plantas medicinais da família Cucurbitaceae. Revista de Pesquisa em Saúde e Meio Ambiente, v. 15, n. 1, p. 87-102, 2020.
  • SILVA, E. M. COSTA, R. S.; MARTINS, P. L. Potencial antioxidante e anti-inflamatório de alcaloides em espécies da família Cucurbitaceae. Journal of Medicinal Plants Research, v. 22, n. 3, p. 215-230, 2018.

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