A Bellis perennis, amplamente conhecida como margarida-comum, é uma planta da família das Asteraceae, amplamente utilizada na fitoterapia devido às suas propriedades medicinais. Seu uso remonta à Antiguidade, sendo valorizada tanto na medicina popular quanto em estudos científicos modernos. Rica em compostos bioativos, essa espécie apresenta uma gama de aplicações terapêuticas, desde o tratamento de inflamações até o alívio de afecções respiratórias.
Neste artigo, exploraremos suas características botânicas, princípios ativos, propriedades medicinais, indicações terapêuticas e formas de uso, além de discutir estudos que reforçam sua eficácia e eventuais precauções.
Descrição e Taxonomia
A Bellis perennis é uma planta herbácea perene, de pequeno porte, com folhas dispostas em roseta basal e inflorescências compostas por capítulos florais, tipicamente brancos com centro amarelo. Popularmente, recebe diferentes denominações, como bela-margarida, bonina, margaridinha e mãe-de-família.
Na nomenclatura internacional, pode ser encontrada sob termos como aedmokraska obycajna (eslovaco), chirivita, margarita menor e maya. Sua distribuição geográfica abrange a Europa, América do Norte e algumas regiões temperadas da Ásia.
Princípios Ativos e Composição Química
A riqueza química da Bellis perennis justifica suas múltiplas aplicações terapêuticas. Os principais compostos identificados incluem:
• Ácidos orgânicos
• Antocianosídeos, como cianina 3-malonilglucoronilglucosídeo
• Beta-sitosterol, um fitoesterol com ação anti-inflamatória
• Óleos essenciais, responsáveis pelo aroma característico
• Pigmentos e princípios amargos, que contribuem para sua ação digestiva
• Saponinas, incluindo bellisaponosídeo e virgaureasaponosídeo, que possuem propriedades expectorantes e anti-inflamatórias
• Substâncias mucilaginosas, com efeito emoliente
• Taninos, com ação adstringente e cicatrizante
Propriedades Medicinais
A presença desses compostos confere à Bellis perennis diversas propriedades terapêuticas. Estudos indicam que a planta atua como:
• Adstringente
• Anti-inflamatória
• Antitussígeno
• Calmante
• Diurética
• Emoliente
• Fortificante
• Hemostática
• Sudorífica
• Vulnerária (cicatrizante)
Algumas pesquisas também apontam uma possível ação citostática, ou seja, inibidora do crescimento celular, sugerindo aplicações promissoras na área oncológica.
Indicações Terapêuticas
O uso tradicional e estudos recentes indicam a eficácia da Bellis perennis no tratamento de diversas condições, incluindo:
• Afecções respiratórias: asma brônquica, bronquite crônica, catarros e resfriados
• Doenças gastrointestinais: catarros estomacais, perturbações intestinais e úlceras dérmicas
• Problemas inflamatórios: dores articulares, gota, reumatismo e edemas
• Infecções e lesões cutâneas: abscessos, furúnculos, feridas secundárias e erupções cutâneas
• Condições vasculares: veias varicosas e distúrbios circulatórios
• Estados febris e esgotamento nervoso
A diversidade de aplicações torna essa planta uma alternativa valiosa na medicina natural.
Modos de Uso e Aplicações Terapêuticas
As propriedades da Bellis perennis podem ser aproveitadas por diferentes formas de administração, tais como:
Uso Interno
• Infusão:
• 15 g de capítulos florais secos e/ou folhas em 500 ml de água por 20 minutos. Tomar de 2 a 4 xícaras ao dia.
• 20 g de flores em 1 litro de água fervente. Tomar 1 a 2 xícaras ao dia.
• 1 colher de sobremesa de flores secas em um copo de água. Ingerir 2 a 3 vezes ao dia, após as refeições.
Uso Externo
• Compressas: folhas e capítulos florais amassados com manteiga sem sal, aplicados sobre a área afetada.
• Emplastro: folhas e flores amassadas, colocadas sobre uma gaze e aplicadas diretamente na pele.
• Infusão concentrada: 50 g de flores e folhas em 1 litro de água fervente para enxágues, gargarejos e lavagens em casos de inflamação bucal ou cutânea.
• Banhos terapêuticos: utilizados para tratar tumores, úlceras e feridas.
Contraindicações e Precauções
Embora a Bellis perennis seja amplamente segura quando usada corretamente, existem algumas contraindicações:
• Deve ser evitada por pessoas com gastrite e úlcera gastroduodenal, devido à presença de taninos e outros compostos que podem irritar a mucosa gástrica.
• Não é recomendada para gestantes e lactantes sem orientação médica.
• Como qualquer planta medicinal, o uso prolongado ou em doses elevadas pode causar efeitos adversos.
Evidências Científicas e Referências Bibliográficas
Estudos recentes reforçam a ação terapêutica da Bellis perennis. Pesquisas demonstram sua eficácia como agente anti-inflamatório e cicatrizante, sugerindo seu potencial para novas aplicações na medicina fitoterápica. Entre as referências mais relevantes, destacam-se:
• CHEVALIER, A. Enciclopédia das Plantas Medicinais. São Paulo: Editora Manole, 2001.
• DUKE, J.A. Handbook of Medicinal Herbs. CRC Press, 2002.
• ROBBERS, J.E.; SPEEDIE, M.K.; TYLER, V.E. Pharmacognosy and Pharmacobiotechnology. Williams & Wilkins, 1996.
Essas obras reúnem informações científicas validadas sobre o uso medicinal de plantas e reforçam a importância da Bellis perennis no contexto da fitoterapia moderna.
Conclusão
A Bellis perennis, conhecida popularmente como margarida-comum, é uma planta medicinal versátil e rica em compostos bioativos. Sua ampla gama de aplicações terapêuticas, aliada ao respaldo da literatura científica, confirma seu valor na medicina natural. No entanto, como qualquer recurso fitoterápico, seu uso deve ser feito com conhecimento e responsabilidade.